17.10.11

 

Mundo Perigoso




Induzido pela leitura de um artigo de Jaime Nogueira Pinto intitulado Crise Europeia publicado no Sol, mo passado dia 3 do corrente, fui levado a escrever a pequena reflexão que se segue, na tentativa, porventura vã, mas ainda assim esforçada, em vista da permanente busca da compreensão da enorme trapalhada em que o Planeta todo se meteu, com esta coisa da Globalização dos Mercados, que tornou a nossa vida numa imensa e perigosa confusão.


Pelo visto, o Mundo está mesmo a ficar perigoso, depois de várias pulverizações políticas ocorridas após o fim da Guerra de 1914-18.


Primeiro, desfizeram-se os Impérios na Europa, depois as extensões africanas e asiáticas das potências europeias, com o caso exótico português a prolongar a sua duração, para lá do compreensível e, por último, ao findar do século XX, desmoronou-se o bloco soviético, quando o império comunista já rompia pelas suas costuras da Europa Central e do Leste, na RDA, na Checoslováquia, na Hungria, na Polónia e na Roménia.


Parecia o triunfo da Liberdade, do Capitalismo e da Democracia, com o fim da História à vista, como nos prometia o Fukuyama, esse fogoso arauto do optimismo histórico do final do século XX.


Eis senão quando, à entrada do novo Milénio, tudo começou a desandar, qual roda da História subitamente descomandada.


O Capitalismo, aparentemente sem inimigo, desorganizou-se, obnubilou-se, perdeu o tino, parecendo de momento conduzido por Deuses maléficos, subitamente enlouquecidos.


Quem lhe poderá, entretanto, restituir o senso?


Quem o há-de trazer ao caminho da Ética, sem o trilho do qual, ele ameaça precipitar-nos a todos na miséria, na desordem e sabe-se lá onde mais.


Da ascensão ao poder dos Sovietes, na Rússia de 1917, da recessão mundial dos anos 20, da queda da bolsa de 1929, do desemprego maciço subsequente, da insegurança generalizada emergiram os autoritarismos ibéricos, os fascismos italiano e alemão, os conflitos, as provocações, as ameaças e as lutas pela hegemonia política, na Europa e no Mundo.


Tudo isto veio a desembocar numa brutal Guerra Mundial, com 6 anos de duração em luta assanhada, com um cortejo de violência extrema, que se saldou em dezenas de milhões de mortos e com a Europa quase toda destruída, economicamente arruinada.


Daqui sairam duas super-potências que, em regime de condomínio, administraram a Paz Mundial durante décadas, com franco progresso económico, social, científico e cultural do lado ocidental, tão significativo ele foi que levou o Comunismo à exaustão e, por fim, à rendição, com o seu algo inesperado auto-desmantelamento.


Aqui chegados, cabe perguntar: como sairemos nós da presente confusão, quando não achamos líderes em quem confiar, exemplos éticos a imitar, figuras de verdadeiros Estadistas e não meros «vencedores alternantes de eleições», onde pára hoje essa gente da categoria de um Churchill, de Roosevelt, de De Gaulle, de Willy Brandt, de Adenauer?


E, entretanto, que pode fazer a comum Humanidade, para além de colocar votos nas urnas ou ocupar Praças e Ruas, com manifestações ruidosas?


Imaginação, pois, é preciso… E navegar também, por certo…


AV_Lisboa, 16 de Outubro de 2011


13.10.11

 

Sobre certo Patriotismo que hoje falta em Portugal




Anoto aqui uma breve reflexão sobre a necessidade, no presente imperiosa e finalmente, parece, percebida pelas elites nacionais, de os Portugueses se voltarem mais para a sua Cultura.



Desejo fundamentalmente sublinhar que, para fazer alguma coisa de válido pelo nosso País, é mister acalentar no mais íntimo do nosso ser um certo sentimento de afeição pela nossa Terra, pela nossa História, pela nossa Cultura, tomando, i.e., aceitando todo o seu legado, o bom e o mau, porém, procurando sempre inspiração no que, como Comunidade, como Nação, ao longo dos tempos, de melhor fizemos, evitando repetir ou fixar atenção no que foi mau, naquilo que não nos deve orgulhar, para não voltarmos a cometer erros ou acções desonrosas do mesmo tipo.



Os outros Povos não são melhores do que nós ou são-no numas coisas e já não o são se considerarmos outras, consoante o grau diferenciado de desenvolvimento económico, científico, cultural e social, que apresentem em determinado período histórico.



Rejeito exercícios de autoflagelação, férteis entre nós, e as autocríticas só as entendo num propósito redentor. Manter espírito aberto ao Mundo, sem renegar a nossa identidade, muito menos desenvolvendo descabidos complexos de inferioridade, eis a disposição que procuro seguir, com a coerência de que sou capaz.



Devemos defender com humildade, mas sem inibições, a nossa especificidade cultural e não esperar que outros o façam por nós, coisa que, como temos comprovado, dificilmente tem acontecido e como decerto também dificilmente acontecerá no futuro.



Mas, para isso, é preciso mais do que boa intenção; é preciso, da nossa parte, estudo, trabalho perseverante e respeitar, honrar o legado recebido dos nossos antepassados, que nos cumpre acrescentar, se para tanto nos favorecer o engenho e arte.



Todavia, se o não pudermos acrescentar, é nossa estrita obrigação, pelo menos, reconhecê-lo, estimá-lo e estudá-lo, para bem o conseguirmos divulgar entre gente estranha à nossa cultura, principalmente, mas, infelizmente também, para o levarmos ao conhecimento dos nossos próprios concidadãos, no presente, por acção de um degradado Sistema de Ensino, tão tristemente desligados da nossa matriz cultural.



Aqui deixo, por isso, um lema susceptível de nos orientar neste desejado propósito patriótico : humildade, no espírito com que abraçamos as tarefas, mas firmeza e orgulho nas acções a desenvolver.



AV_Lisboa, 13 de Outubro de 2011


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